Ovolactovegetariano: descubra tudo e mais um pouco sobre essa modalidade do vegetarianismo
- Vilém S.
- 19 de jun. de 2023
- 8 min de leitura
Atualizado: 9 de ago. de 2023
Ovolactovegetariano. Apesar da palavra grande, é um conceito bastante fácil de entender, então vamos destrinchar o tema nesse artigo e te aprofundar em cada uma de suas dúvidas sobre o tema.
Nesse artigo:
São três palavras bem conhecidas e comuns: ovo, leite (lacto) e vegetariano. O ovolactovegetariano nada mais é do que o praticante do ovolactovegetarianismo.
Ovolactovegetarianismo
O ovolactovegetarianismo tem ganhado muitos adeptos nos últimos anos e é uma das principais dietas que são consideradas parte do tão conhecido vegetarianismo. Além disso, é também considerada uma dieta restritiva, já que qualquer dieta que exclua ou limite o consumo de algum alimento (ou de um grupo alimentar) é considerada uma dieta restritiva.
Aos ovolactovegetarianos é permitido consumir todo o tipo de vegetais, ovos em todas as suas formas, além de leite e derivados. Excluem de sua alimentação todas as carnes, sejam elas de boi, de ave ou de peixe, tanto por motivos de saúde e/ou questões éticas.
Um dos principais pontos dessa escolha é não se alimentar através da morte de um outro ser vivo,
embora muitas vezes os ovolactovegetarianos sejam criticados por não levarem em conta o sofrimento causado aos animais que ficam presos e tem a vida encurtada para produzirem os ovos e o leite.
Alguns ovolactovegetarianos, ainda mais preocupados com o sofrimento dos animais, buscam seus alimentos em instituições que possuam certificado de procedência ética, garantindo que os ovos e o leite que estão comprando foram obtidos de forma natural, sem causar dor, sofrimento ou a necessidade de abate dos animais envolvidos em sua produção.
Benefícios de uma dieta ovolactovegetariana
Além da questão filosófica e ética, os adeptos dessa dieta ainda alcançam vários benefícios à saúde devido ao fato de não consumirem carne vermelha. Esses benefícios incluem:
- Melhora/prevenção do diabetes
Ocorre menor incidência do diabetes em pessoas ovolactovegeratianas, além de também um melhor controle da glicemia em quem já tem a doença. Lembrando que, para aqueles que ainda tem pouco conhecimento sobre essa dieta, buscar orientações de um nutricionista pode ajudar, e muito.
- Perda de peso
O ovolactovegetarianismo também garante maior perda de peso e beneficia, inclusive, na redução da gordura visceral que se acumula dentro da cavidade abdominal (aquela gordura na barriga que deixa uma aparência dura) e é responsável por várias doenças sérias.
Quando a dieta é bem elaborada, além de auxiliar na prevenção e na cura de várias doenças e promover a perda de peso, ajuda muito a manter a saciedade e afastar a fome, devido principalmente a alta quantidade de fibras presentes.
- Benefícios ao coração
É com a substituição do consumo de carnes pelo consumo de vegetais que conseguimos também prevenir doenças cardiovasculares, pois essa substituição contribui com a diminuição da pressão arterial, do colesterol e da formação de placas gordurosas que obstruem as artérias e causam os tão temidos ataques cardíacos e derrames.
- Menor incidência de câncer
A substituição do consumo de carne está relacionado diretamente à menor incidência de câncer. As gorduras saturadas e carnes vermelhas aumentam muito o surgimento da doença e também diminuem a sobrevida após a doença. O que significa viver menos, mesmo após conseguir ser curada.
Por outro lado, existe a necessidade de atenção à alguns nutrientes como o Ômega 3, encontrado em maior quantidade na carne de peixe, e o ferro e o zinco, encontrado principalmente nas carnes vermelhas. Embora o consumo de ovos e leite supram parte da necessidade de nutrientes encontrados nas carnes, ainda assim é necessário equilibrar a qualidade e a quantidade desses nutrientes nas refeições.
As proteínas, a vitamina B12 e a vitamina D também podem ser compensadas com outros alimentos. Assim, é importante sempre ter em mente que não basta simplesmente cortar as carnes de sua alimentação;
é importante que a dieta seja equilibrada para que não faltem nutrientes essenciais, prejudicando assim a sua saúde, ao invés de melhorá-la.
Vale lembrar também que, como em qualquer dieta em que se busque benefícios para a saúde, é muito importante reduzir muito e, se possível, excluir todos os alimentos processados e industrializados, assim como as farinhas e açúcares. O consumo desses alimentos prejudica a saúde e "zera" os benefícios conseguidos com a exclusão da carne do cardápio.
Importante: é importante ressaltar que dietas restritivas devem ser levadas a sério, pois podem ocasionar alguns problemas para a saúde e até alguns riscos importantes se não forem bem feitas e equilibradas. Se você não tem conhecimento suficiente para elaborar a sua própria dieta, busque o acompanhamento de um nutricionista.
E quando tem carne na mesa?
Já reparou como a alimentação é um ato social, ritualizada, e tão importante dentro das famílias e entre amigos? A maioria das comemorações envolvem almoços, jantares, e essa é uma situação que deve ser contornada com bastante cuidado por pessoas que são ovolactovegetarianas, principalmente no Brasil, onde o consumo de carne é tão celebrado e difundido na cultura.
Algumas pessoas preferem simplesmente selecionar o que é servido e não fazer qualquer comentário. Outras preferem informar os amigos sobre seu posicionamento e suas escolhas para se sentir mais confortável. Isso vai depender basicamente de como você se sente num ambiente em que a carne é consumida, então faça testes e descubra o que funciona melhor para você, mantendo um bom equilíbrio e preservando o que é mais importante na sua vida.
Além do ovolactovegetarianismo
É interessante notar que muitas pessoas se tornam ovolactovegetarianas como uma forma de transicionar mais lentamente para o vegetarianismo propriamente dito, e depois então para o veganismo. Em cada uma dessas etapas de transição, essas pessoas permanecem por tempo suficiente para se adaptar ao estilo de vida e de consumo, e então avançam para o próximo passo, progressivamente, até atingirem o seu objetivo final.
- Vegetarianismo
O Vegetarianismo propriamente dito, e principalmente a sua versão conhecida como "vegetarianismo estrito", é uma dieta restritiva focada em eliminar todos os alimentos de origem animal, incluindo ovos e leite, diferentemente do ovolactovegetarianismo.
Existem também:
o lactovegetarianismo, onde é permitido o consumo de laticínios
o ovovegetarianismo, que permite o consumo de ovos
- Veganismo
Muito mais que apenas uma dieta, o veganismo é uma filosofia e um estilo de vida com comportamento e orientações bastante específicas.
Essas orientações incluem:
Não comer qualquer produto de origem animal: carne de boi, carne de frango, carne de peixe ou de qualquer outro animal. Não consumir leite (não importando a sua procedência), além de qualquer tipo de ovo, mel, alimentos que contenham em sua composição qualquer elemento retirado de seres vivos (como o corante cochonilha, a gelatina, etc.).
Não usar roupas e sapatos que possuam ou tenham em sua composição couro, seda ou lã.
Não usar medicamentos e cosméticos que contenham qualquer produto animal ou que tenham sido testados em animais.
Não prestigiar nem trabalhar em eventos e locais onde usem da exploração animal, como rodeios, aquários e restaurantes.
- Dieta baseada em plantas ou dieta plant based
A dieta baseada em plantas (originalmente denominada plant based diet, em inglês) surgiu em 1980, criada pelo químico Dr. Colin Campbell, que pregava o consumo de alimentos de origem vegetal, naturais, integrais, e sem a ingestão de gorduras ou alimentos de origem animal, buscando assim maiores benefícios para a saúde e ainda contribuindo para a preservação do meio ambiente.
Nessa dieta, os alimentos devem ser minimamente processados, além de serem excluídos todos os alimentos industrializados, dessa forma garantindo mais nutrientes e compostos bioativos. Alguns dos seus muitos benefícios incluem a prevenção de doenças como câncer e AVC, além de auxiliar nas funções do cérebro e do coração, e ainda causar emagrecimento em pessoas que estão acima do peso ideal.
Na dieta "plant based", os alimentos utilizados devem ser aqueles saídos da horta, do pomar ou do campo, diretamente para a mesa do consumidor. Sendo assim, a preferência é pelos alimentos orgânicos, evitando a ingestão de todo o tipo de agrotóxicos.
E por que se tornar vegano?
Os motivos incluem a preocupação com a própria saúde e com o sofrimento dos animais, mas vão muito além disso. Alguns dos principais motivos, listados de forma bastante detalhada, são:
Livrar os animais do sofrimento ao longo da vida: muitos deles vivem presos em espaços de tamanho extremamente reduzido, e isso serve para os animais que nos fornecem leite, ovos, carne, e até mesmo seus filhotes. E quando diminuem a produção, resta apenas seguir para o abatedouro, tendo vivido toda a sua vida com o único objetivo de servir ao homem.
Proteger a saúde de várias doenças comprovadamente causadas pelo consumo da carne animal e seus derivados embutidos.
Livrar os animais de sofrimento nos locais de entretenimento como aquários, rodeios, zoológicos e circos. Do ponto de vista de um vegano, não ser plateia para esse tipo de espetáculo é uma forma de contribuir, pois sem a plateia, só resta a esses animais serem devolvidos à seu habitat natural, e evita que novos sejam capturados e usados para o mesmo objetivo no futuro.
Proteger o meio ambiente, diminuindo a derrubada de florestas para servir de pasto, pois o impacto ambiental dessas derrubadas é enorme. A pecuária é responsável, entre outras coisas, por uma liberação considerável de gases de efeito estufa. O desmatamento, o consumo de água, o desperdício de alimentos que poderiam ser cultivados para a alimentação humana (e que ao invés disso são destinados à engorda do gado), são consequências da pecuária.
O vegano valoriza a vida de todos animais e age de forma ética com esse ideal. Todas as suas ações de alimentação e consumo buscam conscientizar e excluir todas as formas de sacrifício e sofrimento dos animais. Tudo por respeito à eles.
Como se tornar vegano
Algumas pessoas simplesmente decidem e mudam radicalmente sua alimentação do dia para a noite, porém, essa é uma mudança radical, incomum, e bastante difícil. O maior sucesso, em qualquer mudança de hábito alimentar, acontece quando essa mudança é feita de forma gradual e cuidadosa.
Um dos primeiros passos deve ser reduzir o consumo de carne, ao mesmo tempo em que aumenta, de forma gradativa, o consumo de vegetais e grãos. Essa transição também pode ser feita substituindo a proteína animal em dias semanais específicos e, aos poucos, fazendo a mesma coisa nos outros dias, conforma você se habitua a essas substituições. Por exemplo:
Determine que as segundas feiras serão sem carne.
Uma ou duas semanas depois, adicione mais um dia (escolha aquele que faça mais sentido para você).
Mantenha esse rítmo, sem pressa, até alcançar todos os dias da semana.
É interessante notar que numa dieta vegana sem qualquer alimento de origem animal, como mencionamos no começo desse artigo, existe a carência de alguns nutrientes como cálcio, proteínas, vitamina B12, ferro e ômega 3. É muito importante que você elabore uma dieta que possa suprir essas necessidades essenciais para o seu organismo. Por isso mesmo, separei uma listinha para você começar:
Cálcio: brócolis, espinafre, gergelim, leite de amêndoas.
Proteínas: são encontradas nas leguminosas como feijão, lentilha, ervilha e soja.
Vitamina B12: fora as carnes, pode ser obtida apenas através de complexos vitamínicos.
Ferro: encontrado em leguminosas e folhas de cor verde escuro, porém para melhor absorção devem estar acompanhadas de frutas cítricas (como a laranja) de sobremesa.
Vai uma receitinha de carne vegetariana?
A carne vegetariana é muito apreciada, pois tem uma textura bastante especial e sabor único. Uma das nossas receitas favoritas é a carne de jaca. Você encontra jaca para comprar em mercados de hortifruti por todo o país, e pode até mesmo encontrá-las na natureza, em locais com muitas árvores frutíferas, como eu já fiz.
A receita de carne vegetariana:
Corte o talo da jaca e embrulhe ela, completamente, em papel alumínio.
Leve ao forno para assar, já preaquecido em 180 graus.
O tempo necessário gira em torno de 2:30 a 3:00 horas (você saberá que está pronto fazendo o teste da faca e verificando se ela sai limpa).
Assim que esfriar, retire os caroços e desfie.
Então refogue, da mesma forma que você faz com a carne do açougue.
Está pronta para ser usada nas receitas que você quiser. Totalmente vegetariana e vegana!
Agora o segredo é temperar como uma carne normal, pois a jaca recebe muito bem esse tipo de tempero, e o sabor fica incrível, além da textura de uma boa carne desfiada.
Dica: se a substância que sai da jaca durante o corte te incomodar (ela gruda bastante), você pode passar óleo de cozinha nas mãos e na faca até terminar todo o corte. Mas tome cuidado com o óleo!
O teste da faca: o teste da faca é simples, consiste em enfiar uma faca (ou palitinho, como no caso de bolos) no assado e observar se ela sai suja ou limpa. Caso ela esteja limpa, significa que a jaca já atingiu uma consistência boa, esta bem assada e pronta para ser retirada.
E você?
Qual é a sua experiência com o vegetarianismo em geral? Já tentou, é praticante, conhece pessoas que fazem, tem dúvidas? Deixa pra gente o seu comentário!
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